Em 2021, foram dados alguns passos importantes no sentido de afirmar a bioenergia avançada como uma alternativa renovável complementar para a descarbonização.
Várias foram as conquistas da indústria no último ano, começando pelo reconhecimento de que os biocombustíveis avançados necessitam de apoio para o seu desenvolvimento e não são um produto petrolífero e, por isso, não deverão ser tributados em sede de ISP, o imposto que taxa esse tipo de combustíveis. Por outro lado, também a criação de uma meta obrigatória de 0,5%de incorporação deste tipo de biocombustíveis veio renovar a esperança.
Hoje é impensável ponderar o futuro sem pensar numa solução de complementaridade entre as várias fontes de energia renováveis, que ajudarão a colmatar o impacto ambiental do desenvolvimento e crescimento que espera a Humanidade nos próximos anos. A integração da bioenergia avançada neste mix energético advém da consciencialização de que esta alternativa nos permitiria atingir a neutralidade carbónica mais cedo e ir além das metas estabelecidas pela União Europeia, ao mesmo tempo que encurtaria o caminho para a dependência energética de Portugal. Nos últimos anos, vários foram os sinais que nos indicaram que os decisores estão alerta. Durante o último ano que foram dados passos importantes para que a transposição da Diretiva das Energias Renováveis II (RED II), que estabelece as metas para a presente década, em todos os Estados-membros da União Europeia, aconteça num futuro próximo. Acreditamos que esta atualização legislativa assinalará um ponto de viragem na validação dos biocombustíveis de resíduos e outros avançados como parte essencial da estratégia de descarbonização dos transportes na Europa.
Outro passo importante para este ano são as restrições à produção e ao comércio de biocombustíveis a partir de óleo de palma, impostas já no dia 1 de janeiro, e que são um sinal de que o futuro se fará com a ajuda da economia circular e da valorização de resíduos e de outras matérias-primas avançadas.
Ao longo do ano, continuaremos a caminhar no sentido de diferenciar a bioenergia avançada para que esta seja incluída nos planos de descarbonização da economia de uma forma mais determinante. Faremos chegar a nossa visão de que metas mais ambiciosas e misturas mais ricas podem fazer a diferença na jornada para atingir a neutralidade carbónica. Contudo, acima de tudo, o que esperamos para 2022 é conseguir chegar a mais pessoas, com o fim de construir uma sociedade mais informada e sensibilizada para a valorização dos resíduos e para os perigos ambientais que podem representar quando não encaminhados para um destino de transformação, nomeadamente no caso dos óleos alimentares usados, que todos temos nas nossas casas.