11/12/2024

Como está a bioenergia avançada a transformar as cidades portuguesas?

Nos últimos anos, a urgência da transição energética colocou a bioenergia avançada em destaque como uma alternativa essencial para caminharmos rumo a cidades mais verdes e resilientes. Produzida a partir de resíduos como óleos alimentares usados, gorduras animais, restos de palha, borras de café e até algas, esta solução energética tem um impacto significativo em setores cruciais para a economia portuguesa, como os transportes, a indústria e a gestão de resíduos. Mas qual é o verdadeiro potencial dos biocombustíveis avançados na construção de melhores cidades e será que esta está pronta para ser utilizada?

Transportes mais sustentáveis: menos emissões, mais eficiência

A bioenergia avançada está a revolucionar o setor dos transportes nas cidades, possibilitando opções de mobilidade mais ecológicas. Com a incorporação de biocombustíveis nos transportes rodoviários, como o B15 e o B30 (combustíveis com 15% e 30% de biodiesel, respetivamente) e o Zero Diesel (B100), as cidades conseguem reduzir consideravelmente as suas emissões de dióxido de carbono (CO₂). Comparado ao gasóleo convencional, os biocombustíveis reduzem as emissões de CO₂ entre 84% e 97%, e conseguem uma redução de até 67% face ao transporte elétrico convencional.

O impacto estende-se também ao transporte marítimo e aéreo, setores que tradicionalmente dependem de combustíveis fósseis. Os navios e aeronaves que utilizam biocombustíveis avançados conseguem reduzir a sua pegada de carbono de forma significativa, contribuindo para uma mobilidade sustentável em várias frentes. Além disso, e de acordo com o último Relatório Semestral da ABA, a produção e utilização de biocombustíveis deverá continuar a crescer, contribuindo para um ambiente urbano mais limpo e sustentável em Portugal.

Economia circular alcançada através da valorização de resíduos

A bioenergia avançada impulsiona a economia circular ao converter resíduos em recursos energéticos. Nas cidades, resíduos alimentares, como restos de comida, podem ser transformados em biometano através de processos de compostagem realizados em aterros e centrais especializadas. Paralelamente, outras matérias-primas, como óleos alimentares usados e gorduras, também podem ser tratadas para produzir biocombustíveis líquidos, ajudando a diminuir a dependência de combustíveis fósseis.

Além dos resíduos alimentares, também os resíduos florestais e industriais podem ser convertidos em biogás e biocombustíveis avançados. Este reaproveitamento gera uma fonte de energia renovável que pode ser utilizada em vários setores, promovendo a sustentabilidade e a eficiência energética, sendo um exemplo claro de como a bioenergia avançada contribui para uma gestão mais responsável dos recursos.

Indústria mais eficiente e com menos emissões

Outro setor onde a bioenergia avançada tem impacto direto é o industrial. A substituição de combustíveis fósseis convencionais por fontes de energia limpas em processos de produção está a tornar as operações mais eficientes e sustentáveis. Em cidades com polos industriais, como Setúbal e Sines, a utilização de biometano está a ajudar a reduzir as emissões e, simultaneamente, a aumentar a eficiência energética - uma mudança que permite uma transição mais rápida para processos industriais menos poluentes, promovendo um impacto positivo na pegada ambiental das cidades portuguesas.

O que reserva o futuro à bioenergia avançada em Portugal?

Com a aplicação de biocombustíveis em diversas frentes, Portugal prepara-se para uma transição mais limpa e sustentável, tornando-se uma referência em soluções energéticas inovadoras e eficientes.

“Nos próximos anos, prevê-se um aumento da produção de biocombustíveis avançados e da sua aplicação nos setores industrial e da mobilidade. A transição para energias mais limpas permitirá que as cidades portuguesas se tornem mais sustentáveis e preparadas para enfrentar os desafios ambientais globais.” - Ana Calhôa, Secretária-Geral da ABA 

Cidades que incluam as soluções energéticas que temos ao dispor, incluindo a bioenergia avançada, serão mais resilientes, com uma mobilidade mais verde, assim como com uma menor dependência de fontes fósseis e uma gestão de resíduos mais eficiente. A aposta num mix energético completo coloca Portugal na vanguarda da descarbonização, caminhando para um amanhã mais sustentável.