Sabia que os resíduos com algum teor de matéria gorda, provenientes de diferentes origens, podem ter uma segunda vida e gerar mais valor para a economia circular? Há um grande potencial energético que se pode aproveitar em resíduos que todos nós temos em casa, transformando-os em novas fontes de energia.
É precisamente isto o que acontece com os biocombustíveis de resíduos e outros avançados, que valorizam os resíduos enquanto matéria-prima e contribuem em simultâneo para uma fonte de energia mais limpa, redução do desperdício e promoção da economia circular.
A mobilidade é o setor responsável pela maior fatia de emissões de CO2 para atmosfera, pelo que é urgente investir em alternativas energéticas que reduzam esta pegada e promovam um futuro sustentável.
Acessíveis a todos, através da incorporação em combustíveis tradicionais ou do consumo total nos motores a combustão, estes biocombustíveis têm também um papel fundamental na preservação do ambiente e na economia circular já que:
- aproveitam resíduos que seriam desperdiçados;
- evitam o descarte incorreto de resíduos, por exemplo, na canalização ou terrenos;
- diminuem a poluição;
- prolongam a vida útil desses resíduos;
- valorizam potencial energético sem desperdício;
- reduzem a necessidade de consumir combustíveis fósseis;
- promovem a autonomia energética;
- generalizam o acesso a opções sustentáveis, sem necessidade de troca de frotas.
Tendo em conta a urgente transição energética no setor da mobilidade, os biocombustíveis avançados, ou seja, produzidos a partir de resíduos e outros combustíveis verdes são aliados essenciais nesse caminho - aliás, no último ano, estas alternativas foram responsáveis por cerca de 98% da descarbonização da mobilidade.
De acordo com o Relatório Semestral da ABA, a produção de biocombustíveis em Portugal aumentou 9% de 2021 para 2022. As matérias mais utilizadas na produção de foram, de facto, resíduos, com destaque para os Óleos Alimentares Usados (OAU) e para as matérias-primas avançadas.
Na prática, os OAU são óleos vegetais previamente utilizados, por exemplo, na confeção de alimentos e refeições. Também as matérias-primas avançadas são compostas por resíduos derivados, por exemplo, de borras de café, margarinas e molhos fora de especificação.
Já não estando próprios para consumo, estes resíduos são recolhidos para reciclagem e tratamento em centros próprios, valorizando o seu potencial energético e prolongando a sua vida útil. Transformados em biocombustíveis, estes resíduos provenientes das nossas cozinhas (e não só) vão agora “alimentar” o setor da mobilidade, com menos impacto ambiental. Veículos ligeiros e pesados, das viaturas pessoais aos autocarros urbanos, sem esquecer os camiões de carga, todos podem utilizar esta fonte de energia mais “verde”.
O consumo consciente é fundamental para promovermos a sustentabilidade no planeta. A redução da poluição passa por escolhas “verdes”, que permitam não só reduzir as emissões de GEE como também potenciar o ciclo de vida dos produtos que consumimos.
Enquanto cidadãos, é essencial continuarmos a adotar hábitos sustentáveis, procurando valorizar a vida útil de resíduos como estes que se aproveitam para produzir biocombustíveis avançados e outros combustíveis verdes.
A reciclagem de OAU e a entrega de outros resíduos a operadores especializados são alguns dos passos que devemos seguir para proteger o meio ambiente e reforçar a economia circular. A ABA apoia diferentes players neste ciclo de vida dos resíduos, com presença de norte a sul do país, para agilizar a recolha destas matérias - tanto junto do consumidor comum, como de grandes frotas e responsáveis do setor hoteleiro, restauração e cafés.
Porque todas as ações contam, a ABA continua na linha da frente para informar todos os cidadãos sobre a importância de um consumo mais consciente e “amigo do ambiente”. Escolher reciclar corretamente estes resíduos é proteger o ambiente e dar uma nova energia ao futuro.