Fundada no verão de 2013, a European Waste-based & Advanced Biofuels Association (EWABA) é a associação europeia que representa os interesses de toda a cadeia de abastecimento da indústria produtora de biocombustíveis de resíduos e avançados.
Com o objetivo de defender o setor e de promover mudanças legislativas que contribuam não só para a indústria, mas para o ambiente e, assim, para todos, a EWABA sedeia-se em Bruxelas, na cidade onde se decide o futuro das energias renováveis na Europa.
Para conhecer melhor o trabalho da associação que conta já com mais de 35 membros e que há oito anos contribui para o desenvolvimento da indústria da bioenergia avançada na região, falámos com Angel Alvarez Alberdi, secretário-geral da EWABA.
O papel da indústria recolhedora e transformadora de resíduos tem um papel fundamental, não só na criação de energia que contribui para a alcance das metas de descarbonização definidas pela Europa, mas também para a proteção do ambiente, na medida em que falamos de resíduos que são, em muitos casos, nocivos e que contaminam os solos e a água, recursos essenciais à nossa sobrevivência. Além disso, estes resíduos tendem a acabar em aterros, o que aumenta ainda mais a sua pegada carbónica, pois são um destino de eliminação (e não de valorização) e emitem gases de efeito de estufa adicionais.
É por isso que acreditamos que utilizá-los para produzir biocombustível é a melhor solução possível. Esta indústria facilita a gestão de resíduos e utiliza aquilo que consideramos “lixo” para produzir biodiesel, que, em comparação com combustível fóssil, emite até 90% menos GEE.
Acreditamos que os motivos são, por um lado a falta de conhecimento sobre o tema, que advém do facto de ser uma indústria recente e complexa. A transformação deste tipo de resíduos em biodiesel é uma tecnologia relativamente recente, que começou a ser, verdadeiramente, promovida na União Europeia há cerca de 12/13 anos e que, por isso, não tem tanto histórico como as outras fontes de energia renováveis.
Por outro lado, esta é uma indústria complexa. A variedade de resíduos com os quais a indústria trabalha e os métodos tecnológicos que utiliza são fatores que influenciam e dificultam a compreensão do setor. Quando alguém de fora nos pergunta o que são os biocombustíveis, temos de simplificar, mas acaba por ser perder uma parte crucial da informação, perdem-se os detalhes que fazem a diferença. Assim, ainda que exista uma perspetiva positiva para o crescimento da indústria da bioenergia avançada, do meu ponto de vista, enquanto insider do setor, sei o quão complexo pode ser.
A indústria dos biocombustíveis está muito dependente dos decisores políticos e daquilo que os legisladores perspetivam para o setor e o nosso trabalho reside, essencialmente, em assegurar que melhoramos as propostas legislativas para potenciar o futuro da indústria.
Nos últimos anos contribuímos para a revisão de instrumentos como a Diretiva das Energias Renováveis II (RED II) ou a Diretiva que legisla a qualidade dos combustíveis. Atualmente, estamos focados no conjunto de medidas propostas em julho pela Comissão Europeia, cujo processo legislativo incluirá não só esta entidade, como também o Parlamento Europeu e que deverá demorar, pelo menos, um ano e meio. Estes processos legislativos são essenciais para o nosso trabalho porque é nesta fase que as propostas são analisadas e sofrem emendas. Por isso, são o momento ideal para tentarmos obter o enquadramento legislativo mais favorável possível para o setor.
Tendo em conta os objetivos de descarbonização propostos pela Comissão Europeia, no dia 14 de julho, e que agora são oficiais, o que perspetivamos é que os próximos anos sejam de mudança. Que comece a chamada “Green Revolution”.
Além disso, perspetivamos uma década muito positiva para a indústria verde, cujos sinais começam a ser dados nos mercados financeiros, com o aumento do foco dos investidores neste tipo de organizações, com os membros executivos de grandes empresas a defenderem a transição das práticas empresarias, entre outros.
Assim, o que perspetivamos é uma mudança na economia, como um todo, rumo à descarbonização. Um movimento como nunca antes vimos, intensificado num momento em que começamos a ver os impactos das nossas práticas humanas ao longo dos últimos anos – as cheias na Bélgica e na Alemanha, os fogos florestais no Mediterrâneo.
A EWABA foi criada para melhorar o enquadramento legal da indústria da bioenergia avançada e o caso da RED II e do que se perspetiva para misturas mais ricas em biodiesel são alguns dos nossos casos de sucesso.
No caso da RED II, se olharmos para o texto que compõe a proposta da Comissão Europeia e para o resultado final, vemos o resultado do nosso trabalho. A valorização da bioenergia avançada é resultado direto do esforço que levamos a cabo durante o processo legislativo.
Além desta diretiva, a proposta, incluída no pacote legislativo “Fit for55”, que prevê o aumento do nível mínimo de incorporação de biodiesel no combustível fóssil de 7% para 10% é também resultado do trabalho que temos desenvolvido ao longo dos últimos oito anos. E neste ponto gostaria de destacar o sucesso de uma das nossas associadas, a PRIO, que, além de ser uma empresa portuguesa e produtora de biocombustíveis a partir de óleos alimentares usados, tem sido pioneira na indústria ao comercializar B15 nos seus postos de abastecimento, acima daquilo que é a norma na Europa e, até, daquilo que se ambiciona para os próximos anos. Este caso tem sido um dos elementos que utilizámos para comprovar que não existiam razões para manter o limite de 7% de incorporação quando, em Portugal, já se comercializa B15 e não há evidências deque prejudique o motor dos veículos.
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Founded in the summer of 2013, the European Waste-based & Advanced Biofuels Association (EWABA) is the European association representing the interests of the entire supply chain of the waste-based and advanced biofuels industry.
With the goal of advocating for the industry and promoting legislative changes that contribute not only to the industry, but to the environment and thus to everyone, EWABA is based in Brussels, the citywhere the future of renewable energy in Europe is decided.
To learn more about the work of the association, which already has more than 35 members and has been contributing to the developmentof the advanced bioenergy industry in the region for eight years, we spoke with Angel Alvarez Alberdi, EWABA's Secretary General.
The role of the waste collection and processing industry plays a fundamental role, not only in the creation of energy that contributes to achieving the decarbonization goals set by Europe, but also for the protection of the environment, since we are talking about waste that is, in many cases, harmful and that contaminates the soil and water, essential resources for our survival. Moreover, this waste tends to end up in landfills, which further increases its carbon footprint as it is a disposal (rather than recovery) destination and emits additional greenhouse gases.
Therefore we believe that using them to producebiofuel is the best possible solution. This industry facilitates waste managementand uses what we consider "waste" to produce biodiesel, which,compared to fossil fuel, emits up to 90% less GHGs.
We believe that the reasons are, on the one hand, thelack of knowledge about the subject, which comes from the fact that it is arecent and complex industry. The transformation of this type of waste intobiodiesel is a relatively recent technology, which really started to bepromoted in the European Union about 12/13 years ago and therefore does nothave as much history as other renewable energy sources.
On the other hand, this is a complex industry. The variety of waste that the industry works with and the technological methods it uses are all factors that influence and make it difficult to understand the industry. When someone from the outside asks us, what biofuels are, we have to simplify, but in the end a crucial piece of information is lost, the details that make the difference are lost. So even though there is a positive outlookfor the growth of the advanced bioenergy industry, from my point of view, as an industry insider, I know how complex it can be.
The biofuels industry is very dependent on policy makers and what legislators envision for the sector, and our work is essentially to ensure that we improve legislative proposals to enhance the future of the industry.
In recent years we have contributed to the revision ofinstruments such as the Renewable Energy Directive II (RED II) or the Fuel Quality Directive. Currently, we are focused on the set of measures proposed in July by the European Commission, whose legislative process will include notonly this entity, but also the European Parliament and should take at least a year and a half. These legislative processes are essential to our work because it is at this stage that the proposals are analyzed and amended. Therefore, they are the ideal moment for us to try to obtain the most favorable legislative framework possible for the sector.
Considering the decarbonization goals proposed by the European Commission on July 14th, and which are now official, what we foresee is that the next years will be years of change. That the so-called "Green Revolution" begins.
Furthermore, we foresee a very positive decade for thegreen industry, whose signs are beginning to be given in the financial markets,with the increased focus of investors on this type of organizations, with the executive members of large companies defending the transition of business practices, among others.
So what we foresee is a shift in the economy as awhole towards decarbonization. A move like we have never seen before, intensified at a time when we are beginning to see the impacts of our human practices over the last few years - the floods in Belgium and Germany, the wildfires in the Mediterranean.
EWABA was created to improve the legal framework for the advanced bioenergy industry, and the case of RED II and what is in prospect for richer biodiesel blends are some of our success stories.
In the case of RED II, if we look at the text thatmakes up the European Commission's proposal and the result, we see the resultof our work. The valorization of advanced bioenergy is a direct result of the efforts we made during the legislative process.
Besides this directive, the proposal, included in the "Fit for 55" legislative package, that foresees the increase of the minimum level of incorporation of biodiesel in fossil fuel from 7% to 10% is also a result of the work we have been developing over the last eight years. And at this point I would like to highlight the success of one of our associates, PRIO, which, besides being a Portuguese company and producer of biofuels from used cooking oil, has been a pioneer in the industry by selling B15 at its gas stations, above what is the standard in Europe and even what is aspired for the coming years. This case has been one of the elements we used to prove that there were no reasons to keep the 7% incorporation limit when, in Portugal, B15 is already marketed and there is no evidence that it harms vehicle engines.