Os primeiros dias do mês de novembro de 2021 ficaram marcados pela 26ª edição da cimeira do clima das Nações Unidas, que reuniu os líderes mundiais na cidade de Glasgow para debater e decidir o futuro do planeta.
Este acontecimento veio relembrar a urgência de agir para definir metas mais ambiciosas e que os países desenvolvidos devem ser os primeiros a dar o exemplo. Neste sentido, vemos países como a Finlândia a assumir a ambição de entrar na economia circular até 2035 e atingir a neutralidade de carbono em 2045, cinco anos antes do resto do mundo. Isto surge na sequência de, em 2016, se ter tornado o primeiro país a criar um roteiro para uma economia circular e de, no ano passado, ter assumido como prioridade o investimento na mobilidade verde e o incentivo do transporte coletivo.
À semelhança dos demais países nórdicos, em 2020, a Finlândia já assumia uma taxa de incorporação de fontes de energia renovável nos transportes de 27%. E a ambição não fica por aqui. Enquanto em Portugal espera-se que a ambição seja chegar aos 20% em 2030, no país mais feliz do mundo a meta é incorporar, pelo menos, 45% de energia renovável na mobilidade. Este valor é especialmente relevante tendo em conta as fontes que o compõem. Em 2030, 30% das fontes de energia renovável serão bioenergia com regime de dupla contagem e 5% a 10% serão energia elétrica (eletricidade 100%verde).
Promover a economia circular é outro dos pilares da aposta finlandesa. Segundo o Circularity Gap Report 2021, apenas 8,6% da economia mundial é circular, mas no país mais feliz do mundo,99% dos resíduos sólidos urbanos são recuperados como energia ou por reciclagem de materiais. Assim se explica que o seu foco esteja, sobretudo, no biodiesel, HVO e bioetanol produzidos a partir de resíduos e floresta.
É fundamental substituir as fontes de energia atuais por outras mais sustentáveis que permitam reduzir as emissões que amobilidade envolve, em particular, as associadas ao transporte rodoviário, onde existe o maior potencial de redução. Na Finlândia, pensa-se na melhoria da eficiência energética do sistema de transporte e na transição da frota para um mínimo de 250 mil veículos elétricos e 50 mil movidos a gás no ano de 2030. Metas relevantes e ambiciosas, mas, se o objetivo primordial é transitar para um modelo de economia circular, uma das apostas deverá passar pela incorporação física de 30% de biocombustível em todos os combustíveis comercializados para o transporte rodoviário até 2030.
Contudo, anterior ao encontro de novas fontes de energia, deveria estar a enunciação de medidas para reduzir o impacto ambiental da mobilidade e uma das formas de o fazer é apostar no transporte coletivo, tal como anunciou a Finlândia em 2020. Existem vários motivos, mas o principal é que os veículos pesados, além de estarem associados a menores emissões tendo em conta a quantidade de pessoas que transportam, conseguem suportar maiores níveis de incorporação de biocombustíveis de resíduos e outros avançados, que permitem a redução de, pelo menos, 83% de gases de efeito de estufa.
Em solo nacional, dever-se-ia seguir o exemplo deste país nórdico no sentido de ambicionar metas mais consideráveis e de aumentar a aposta no mix energético apoiado, em parte, na economia circular.