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Os biocombustíveis de resíduos desempenham um papel relevante para a descarbonização da mobilidade e autonomia energética dos países. No entanto, ainda existem alguns mitos em torno desta fonte de energia sustentável. Para construir um caminho em conjunto com toda a sociedade, a ABA desenvolve um trabalho informativo importante para averiguar factos, esclarecer questões e reforçar o potencial que os biocombustíveis avançados representam.
Na verdade, os biocombustíveis hoje produzidos têm em conta as especificidades dos veículos em circulação. Assim, as misturas disponíveis estão preparadas para os motores dos carros que conduzimos, não representando qualquer risco para nenhuma componente mecânica.
Existem, até, projetos em Portugal, com veículos pesados que operam com 100% de biocombustíveis avançados e 0% de combustíveis fósseis, outros que utilizam um B+ (mais de 7% de biocombustível)) onde é possível verificar que os consumos têm melhorias significativas para o veículo e a própria União Europeia está a desenvolver legislação que incentiva maiores percentagens de incorporação, alcançando misturas mais ricas.
Da mesma forma, estão também a ser desenvolvidos esforços no sentido de trazer biocombustíveis avançados para o setor da aviação e navegação marítima, permitindo alargar a descarbonização da mobilidade no seu todo.
O facto de alguns biocombustíveis utilizarem óleos vegetais virgem na sua produção lança algumas preocupações de caráter ambiental, sendo que a ocupação/desflorestação de solo para produção exclusiva de matéria é o maior foco de atenção. No entanto, está em curso um grande trabalho de sensibilização dos produtores para este tema.
Além disto, quando falamos de biocombustíveis de resíduos, estamos, na realidade, a abordar uma das soluções energéticas que mais valorizam a preservação da natureza. Através da recolha, tratamento e reciclagem de resíduos como óleos alimentares usados, borras de café ou margarinas fora de prazo, é possível contribuir para a redução do desperdício e poluição do ambiente. É possível valorizar os resíduos enquanto matéria-prima, utilizando-os como fonte energética que acelera a descarbonização da mobilidade.
A capacidade de produção de biocombustíveis, em Portugal, é bastante elevada e temos ao nosso dispor ferramentas, parceiros e tecnologias que nos vão permitir elevar essa produção nos próximos anos. Nesse sentido, Portugal tem importado resíduos enquanto matéria-prima para criar uma bioenergia avançada, valorizando-os assim como resposta mais imediata, eficaz e acessível a todos rumo à descarbonização da mobilidade e autonomia energética. O que é visto como lixo é, na realidade, é uma matéria-prima tratada para gerar uma fonte de energia alternativa e sustentável, evitando, na realidade, o seu desperdício em aterros e preservando o meio ambiente da sua poluição. Esta matéria-prima é transformada em Biocombustível Avançado, uma fonte de energia sustentável que pode ser utilizada em todos os meios de transporte (rodoviário, marítimo e de aviação), e assim ajudar a descarbonizar o setor dos transportes ao mesmo tempo que promove uma economia circular.
É possível agregar valor ao “lixo” que produzimos através da circularidade na sua recolha, gestão e transformação, promovendo também uma maior sensibilização da sociedade civil, órgãos legisladores e poder decisor para disponibilizar, em primeiro lugar, mais recursos para a recolha dos resíduos nacionais e, em segundo, outros apoios e recursos para aumentar a sua transformação e aproveitamento.
A bioenergia avançada merece toda a nossa atenção pelos benefícios que traz. Além de uma solução imediata e acessível para reduzir os gases de efeito de estufa em setores como a mobilidade ou indústria, os biocombustíveis representam uma solução para valorizar e reutilizar resíduos enquanto matéria-prima, e contribuem para a independência energética de diferentes setores. Neste sentido, todos temos um papel importante na compreensão e valorização desta fonte de energia, procurando mais e melhor informação para que possamos tomar decisões mais conscientes, todos os dias.