Todos os dias, milhares de litros de óleo alimentar usado são despejados nos esgotos em Portugal. Muitas vezes por hábito, outras por falta de informação. Mas o que parece um gesto inocente tem consequências graves: um único litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água.
Grande parte destes resíduos pode ser transformada em bioenergia avançada, uma forma de energia renovável que ajuda a reduzir emissões, substituir combustíveis fósseis e proteger o ambiente. Tudo começa com pequenos gestos, em casa, nos restaurantes locais ou até mesmo nas escolas.
Como podemos fazer parte da mudança? Com apenas cinco passos, todos podemos contribuir para uma economia circular e um planeta mais limpo.
A bioenergia avançada é produzida a partir de resíduos orgânicos e industriais, como óleos alimentares usados, gorduras, borras de café, molhos fora de prazo ou margarinas. Em vez de serem descartados, estes resíduos podem ser valorizados e transformados em biocombustíveis avançados, capazes de alimentar transportes, indústrias e infraestruturas, com uma redução de entre 84% a 97% de gases com efeito de estufa comparado com os combustíveis fósseis, segundo aponta a PRIO.
Ou seja: o que hoje é "lixo", amanhã pode ser energia limpa.
Óleos usados para cozinhar, gorduras, molhos fora de validade, borra de café - tudo isto pode ser reaproveitado. São resíduos com potencial energético real e não devem ir parar ao ralo nem ao caixote do lixo comum, uma vez que representam um risco nocivo para o ambiente.
O processo começa na separação de cada resíduo nos seus respetivos contentores. Guardar o óleo usado em garrafas de plástico bem fechadas, recolher as gorduras e restos orgânicos num recipiente à parte são passos que não podem faltar na rotina da descarbonização. Afinal, mesmo pequenas quantidades, quando somadas, fazem uma grande diferença.
Não sabe para onde levar os resíduos recolhidos? Os oleões estão espalhados por todo o país, desde supermercados, escolas, juntas de freguesia. Alguns municípios já recolhem resíduos orgânicos ou oferecem compostores domésticos. Caso não encontre nenhum oleão perto do seu lar, pode informar-se junto da sua autarquia.
Após a recolha, os resíduos seguem para unidades especializadas que os transformam em biocombustíveis avançados, uma alternativa real, escalável e sustentável aos combustíveis fósseis. Não é ficção científica: é tecnologia portuguesa, já em funcionamento.
Muitas pessoas continuam a descartar os resíduos pelo ralo ou incorretamente por desconhecimento. Ao partilhar o que sabe ou incentivar outros a separar corretamente os resíduos, está a multiplicar o impacto positivo.
A ligação entre o que fazemos em terra e a saúde dos oceanos é direta. O óleo mal descartado viaja pelos esgotos, entope tubagens, contamina águas, afeta solos, prejudica habitats aquáticos e, inevitavelmente, acaba no mar.
Com a informação e os meios certos, podemos inverter este ciclo. Podemos dar aos resíduos um destino com valor; um destino que produz energia, protege o ambiente e contribui para a independência energética de Portugal.
Neste sentido, a Associação de Bioenergia Avançada (ABA) está empenhada em promover o uso responsável e inteligente de recursos. Acreditamos que a transição energética passa por soluções práticas, acessíveis e circulares, como a valorização de resíduos.